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PALMAS DE MONTE ALTO
Metálico
TIPO:
CLASSE:
CLAN:
GRUPO:
SUB-GRUPO:
TIPO PET.:
EST. CHOQUE:
INTERPERISMO:
PAÍS:
ANO:
DESCRIÇÃO:
ACONDRITO
MÉDIO
IIIAB
-
-
-
BRASIL - BA
1954
Meteorito Metálico Octaedrito Médio IIIAB.
PETROGRAFIA:
A peça é revestida por uma crosta de fusão de cor marrom com sinais de intensa oxidação, principalmente na mencionada protuberância, em que a crosta foi inteiramente removida. O meteorito exibe numerosas mossas arredondadas ou alongadas, denominadas de regmalitos, cujas dimensões variam de 20 a 100 mm de diâmetro. Na extremidade da protuberância há um furo de formato oval medindo 33 × 24 mm que atravessa toda a massa metálica. Há outro furo circular com 47 mm de diâmetro localizado nas proximidades da extremidade que tem a protuberância. Esse segundo furo não atravessa toda a massa como o primeiro. Provavelmente, ambos eram originalmente preenchidos pelo mineral troilita (FeS), que vaporizou durante a passagem do meteorito pela atmosfera terrestre, tendo em vista seu baixo ponto de fusão (1.188ºC) em relação ao da liga Fe-Ni, que funde aos 1.500ºC, podendo essa temperatura variar um pouco em função da concentração de Ni. A superfície interna do meteorito observada após a serragem de uma pequena fatia apresentava cor cinza metálica semelhante à do aço, sem sinais de oxidação na parte interna do corpo principal. Uma seção polida do meteorito Palmas de Monte Alto foi tratada com nital para atacar os componentes da liga de Fe-Ni do meteorito. O tratamento revelou estrutura Widmanstätten bem definida, com lamelas de kamacita com largura média de 0,95 ± 0,15 mm, sem correção de orientação e relação comprimento versus largura da ordem de 15 vezes. Avaliando-sea fatia polida ao microscópio petrográfico, em luz refletida, observam-se numerosas linhas de Neumann e kamacita hachurada, que são indicadoras de alterações estruturais resultantes de choque enquanto o meteoroide vagava pelo espaço. Bandas de kamacita com textura de subgrãos decorados com fosfetos também estão presentes, assim como taenita e plessita — mistura de taenita com kamacita, — e representam entre 25 e 35% da área examinada, apresentando-se sob as formas martensítica, negra, em rede e em “pente”. Atravé de exames microscópicos observou-se, além das fases metálicas Fe-Ni — kamacita, taenita e plessita —, inclusões de cromita (FeCr2 O4 ), troilita (FeS), e schreibersita [(Fe,Ni)3 P]. Foram identificadas três variedades distintas de kamacita: decorada com subgrãos de fosfetos (Figura 5D); com lamelas crosshatched e com estrutura ε (épsilon). Esse último tipo evidencia efeitos de choques de alta intensidade. Fonte: De Carvalho et al. 2018.
GEOQUÍMICA:
De acordo com as determinações utilizando EDS/MEV em oito cristais, o conteúdo de Ni na kamacita no meteorito Palmas de Monte Alto varia de 5,8 a 7,3%, em conformidade com os valores encontrados para kamacita dos membros do grupo IIIAB (5,5% < Ni > 7,5%; Scott e Wasson, 1975). Na taenita e plessita, o teor desse elemento sobe para 22,4% em média (variando 15,3 < Ni < 31,9%), com alguns teores um pouco abaixo do limite inferior da média dos meteoritos de ferro IIIAB (25% < Ni < 50%). Essas análises identificaram a presença da fase mineral roaldita (Fe,Ni)4 N, que se desenvolve como placas na fase kamacita nas proximidades do veio preenchido. A schreibersita (Fe,Ni)3 P, identificada na análise petrográfica, também foi analisada por MEV/EDS e EPMA, revelando conteúdos médios dos elementos Fe (57,2%), Ni (27,0%) e P (14,7%). O meteorito foi analisado por INAA na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), que obteve as seguintes concentrações: Ni (9,40%), Ga (22 ppm), Co (0,54%), Ir (0,70 ppm), Au (1,70 ppm) e As (16 ppm). Fonte: De Carvalho et al. 2018.
CLASSIFICAÇÃO:
As análises químicas e petrográficas demonstram que, conforme a largura das bandas de kamacita presentes no padrão Widmanstätten e conteúdos de níquel encontrados, essa rocha representa um octaedrito médio do grupo IIIAB. Fonte: De Carvalho et al. 2018.
CLASSIFICADORES:
M. E. Zucolotto
HISTÓRIA:
Em artigo para a Revista do Observatório, o geólogo Orville Derby (1888a, 1888b, 1888c) mencionou um comunicado recebido pelo Museu Nacional sobre um provável meteorito de ferro similar ao Bendegó, achado na serra de Monte Alto, no sudoeste da Bahia. A ocorrência nunca foi investigada ou comprovada até que, em 2007, o professor de paleontologia Douglas Riff, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em missão de campo, teve sua atenção despertada por relatos da existência de uma massa de ferro guardada na Escola Municipal Marcelino Neves, no município de Palmas de Monte Alto. Riff notou muitas semelhanças entre a massa de ferro que lhe foi apresentada e o meteorito Bendegó exposto no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, levando-o a comunicar o fato a Elizabeth Zucolotto, que, de imediato, se prontificou a viajar à Bahia para ir à cidade de Palmas de Monte Alto acompanhada por Wilton Carvalho, a fim de coletar amostras e levantar informações sobre o achado. A missão de campo ocorreu na semana de 2 a 5 de julho de 2008, constatando-se de fato tratar-se de um meteorito de ferro que poderia ser correlacionado àquele mencionado por Derby (1888a, 1888b, 1888c). O meteorito foi achado pelo lavrador Francisco da Cruz quando extraía seiva de mangabeiras no topo da serra de Monte Alto, em um ponto próximo às coordenadas 14º22’08” Sul e 43º01’02” Oeste. O local exato do achado não pôde ser georreferenciado, tendo em vista que o descobridor do meteorito não possuía condições físicas, em 2008, para ir ao local, passando informações a um filho sobre a área onde encontrou a massa de ferro. Carvalho foi conduzido pelo filho de Francisco ao local indicado, constatando tratar- -se de uma extensa área com muitas mangabeiras nativas, sendo impossível determinar de qual delas Francisco estava extraindo seiva quando avistou o meteorito. De acordo com o relato de Francisco, a sua atenção foi despertada por uma “pedra” de formato irregular “parecida com uma máquina de costurar modelo antigo”. Francisco bateu na “pedra” com a ferramenta que usava para sangrar a mangabeira, produzindo um som metálico característico de golpes de ferro contra ferro. Tentou, então, mover a “pedra” e não conseguiu, por causa do seu avantajado peso. Apesar de não saber precisar exatamente quando isso ocorreu, Francisco informou que encontrou o meteorito quando ele era rapazinho, antes de se casar. Com base na certidão de casamento, Francisco da Cruz nasceu em 1924 e casou-se em 1955. Assim, o ano do achado foi antes de 1955 e, se considerarmos rapazinho uma pessoa de 20 anos, o período estimado do achado ficaria entre 1940 e 1954. A probabilidade de o achado ter ocorrido na década de 1940 é reforçada por outros comentários de moradores antigos da cidade de Palmas de Monte Alto, que calculam em cerca de 60 anos o tempo em que a “pedra” chegou ao município. Para remover a massa de ferro de 97 kg, Francisco contou com a ajuda de outros dois homens, que transportaram o meteorito para a cidade de Palmas de Monte Alto usando um cobertor forte para improvisar uma rede, em que a peça foi depositada e suspensa por uma vara comprida e resistente, apoiada nos ombros. Durante muitos anos, o meteorito permaneceu sob a guarda da Escola Municipal Marcelino Neves e, desde 2008, está sob a guarda da prefeitura, depositado na Secretaria da Educação. Fonte: De Carvalho et al. 2018.
Todas as informações que não possuírem fonte especifica, foram extraídas do Meteoritical Bulletin Database.
Todas as imagens possuem direitos autorais.
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