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Acondrito fassaita. O meteorito Angra dos Reis é uma rocha ígnea ultramáfica ou uma piroxenita por ser formada por 93% de piroxênio. Propriamente referenciado como uma fassaíta.
PETROGRAFIA:
O meteorito exibe uma textura granular e recristalizada, principalmente formada por pequenos grãos de fassaíta xenomórficos com tamanhos de até 0.5mm (média 0.1mm). Menos comuns são os largos cristais poikilíticos de fassaíta que envolvem os pequenos grãos da matriz. Nenhuma evidência de tensão ou deformação por choque foi observada. Análises petrográficas mostram a orientação preferencial com uma lineação fraca na matriz de fassaíta e aparentemente uma orientação aleatória para os grãos de fassaíta poikilíticas, indicando uma origem cumulada para a rocha. Fonte: Gomes & Keil (1980).
GEOQUÍMICA:
A análise química total do Angra dos Reis mostra como principais características altos teores de TiO2 e CaO marcadamente diferentes de qualquer outro meteorito. Com exceção de alguns elementos, a abundância de toda a rocha e da fassaíta é muito similar, refletindo o fato de Angra dos Reis ser essencialmente uma rocha piroxenita. O meteorito mostra uma pequena anomalia de Eu negativa, interpretada como devido à recristalização e remoção do plagioclásio ou como resultado da cristalização inicial da melilita, fase que se especula ter sido removida no processo cumulado. Fonte: Gomes & Keil (1980).
CLASSIFICAÇÃO:
Angra dos Reis é uma rocha ígnea ultramáfica, uma piroxenita composta por 93% de piroxênio. Este material é levemente pleocróico, variando de cor de quase incolor a marrom-avermelhado, possuindo altos teores de TiO2 e CaO. É, portanto, adequadamente referido como fassaíta. Não foram encontradas evidências de zoneamento ou exsolução e sua composição é homogênea, embora Hazen e Finger (1977) sugiram pequenas variações de composição. A análise do piroxênio é En33.5 Fs11.9 Wo54.6. Prinz et al. (1977b) calcularam a análise com base nos seguintes membros finais: CaMnSi2O6 (0.2%); Ca(Mg0.5Ti0.5)(SiAl)O6 (0.9%); Ca(Fe0.5Ti0.5)(SiAl)O6 (3.2%); CaCr (SiAl)O6 (0.6%) CaAl (SiAl)O6 (15.7%); Ca2Si2O6 (34.1%); Mg2Si2O6 (27.4%) e Fe2Si2O6 (9.7%). Uma olivina rica em cálcio, ocasionalmente contendo minúsculas inclusões de kirschsteinita magnesiana, compõe cerca de 5,5% do meteorito. As fases acessórias incluem espinélio, celsiana, plagioclásio, whitlockita (merrilita), titano-magnetita, FeNi metálico, troilita, badeleíta, SiO2 e óxido de ferro hidratado terrestre. A ocorrência de doubréelita é duvidosa, tendo em vista a natureza relativamente altamente oxidada dessa rocha e não pôde ser confirmada por Keil et al. (1976) e Prinz et al. (1977b). O espinélio ocorre quando pequenos grãos de cor verde escura são perturbados por todo o meteorito. É homogêneo e rico em Fe e Al. Celsiana é encontrada como pequeno grão na massa do meteorito. Os grãos são composicionalmente homogêneos e contêm cerca de 90% da molécula celsiana. Angra dos Reis é o único meteorito com kirschsteinita e celsiana magnesiana. Plagioclásio homogêneo e altamente cálcico (An86.0) foi encontrado apenas em minerais separados. Whitlockita (merrilita) é distribuída de maneira não homogênea, de tamanho bastante variável e pode representar cerca de 0,3% do meteorito. O refinamento com raios X de sua estrutura indica que a fase é mais conhecida como merrilita. A Magnetita forma grãos pequenos e raros contendo 21,9% de TiO2, enquanto o FeNi metálico (Fe 95,5, Ni3,5, Co1,5; total 100,15%) é muito raro e ocorre principalmente como pequenas bolhas na troilita (Fe 62,9, Co 0,07, S 36,5 ; total 99,47%). Com base na análise química total, Ludwig & Tschermark (1887, 1909) calculou 1,26% de troilita para o meteorito, e parece ser um valor razoável. O grão minúsculo de badeleíta foi reconhecido através da microssonda eletrônica com base em seu alto conteúdo de Zr, mas era pequeno demais para análise quantitativa. O óxido de ferro hidratado terrestre, aparentemente o resultado do intemperismo dos grãos de troilita, é encontrado como um constituinte raro. Fonte: Gomes & Keil (1980).
CLASSIFICADORES:
Não existe registro no Meteoritical Bulletin. A queda foi reportada e o fragmento descrito por Derby (1888a, b), Ludwig & Tschermak (1887, 1909) e Tschermak (1888). Fonte: Gomes & Keil (1980).
HISTÓRIA:
O meteorito de Angra dos Reis caiu por volta das 5:00h da manhã em Janeiro de 1869 na Praia Grande de Angra dos Reis, em frente à Igreja de Bonfim. A queda foi presenciada pelo Dr. Joaquim Carlos Travassos, que passava num bote acompanhado de dois escravos. A data precisa da queda não foi anotada, porém segundo o Dr. Travassos deve ter ocorrido na segunda metade do mês, pois teria sido alguns dias após o nascimento de uma filha. Foram recuperados dois fragmentos pelos escravos a cerca de dois metros de profundidade, sendo que pelas fraturas parecia existir um terceiro fragmento, não localizado, podendo ainda estar no fundo do mar. A primeira divulgação sobre o assunto ocorreu apenas em 1888 por Derby, que recebeu um dos fragmentos pesando 446,5g, que havia sido doado ao Dr. Ermelino Leão, que por sua vez o doou ao Museu Nacional. Do segundo fragmento, sabe-se apenas que estava em poder do sogro do Dr. Travassos (segundo pesquisa da historiadora Regina Dantas o sogro se chamava Rogério Antônio de Oliveira, casado com Joaquina Rosa de Oliveira). Segundo Derby, um dia este fragmento deveria ir para o Museu, contudo infelizmente esta previsão nunca se concretizou. Este meteorito que pesaria entre 500g e 1 kg se encontra perdido desde então como é muito comum ocorrer com muitos meteoritos brasileiros, que logo após suas quedas são guardados como preciosidade de valor incalculável, mas que com o passar do tempo, vão caindo no esquecimento e por fim se perdem como sucata ou entulho por seus próprios proprietários ou por seus herdeiros. Descrição obtida nos documentos de M. E. Zucolotto.
Todas as informações que não possuírem fonte especifica, foram extraídas do Meteoritical Bulletin Database.
Todas as imagens possuem direitos autorais.
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